PSB oficializa neste sábado Campos para presidente e Marina para vice.
21:26
,
0
Comentários
Ex-governador de PE deve atacar ‘velha política’ e prometer ‘renovação’.
Convenção vai anunciar chapa 'Unidos pelo Brasil', que terá apoio do PPS.
O PSB lançou, neste sábado, em convenção nacional, a candidatura do ex-governador pernambucano Eduardo Campos à Presidência. Campos terá agora, pela frente, o desafio de atrair os votos que sua vice, Marina Silva, recebeu na disputa de 2010 e mostrar-se ao eleitor como uma alternativa à polarização PT-PSDB na política nacional. Por enquanto, a surpreendente parceria entre Campos e Marina ainda não teve impactos relevantes nas pesquisas de opinião. No último levantamento do Ibope, feito no último dia 22 de junho, Campos aparece em terceiro lugar na disputa, com 11% das intenções de voto. O tucano Aécio Neves é o segundo colocado, com 20%, enquanto a presidente Dilma Rousseff lidera a corrida presidencial, com 40%.
Na última eleição, em 2010, Marina, então no PV, obteve 19% dos votos
e até venceu em algumas capitais, entre as quais Belo Horizonte e
Brasília. Após a Justiça eleitoral recusar em outubro a criação de seu
partido, a Rede Sustentabilidade, Marina acabou aderindo – e levando
seus aliados mais próximos – ao PSB. No entanto, o estilo diferente de
fazer política traz dificuldades na hora de convencer o eleitor, apontam
analistas.
Baixa rejeição
Campos, de 48 anos, é o mais jovem entre os três principais
candidatos na disputa (Dilma tem 66 anos, e Aécio, 54). Para Silvana
Krause, professora de ciência política da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), sua relativa juventude é uma “faca de dois
gumes”.
– Por ser mais jovem, ele é mais desconhecido nacionalmente e,
consequentemente, tem uma rejeição menor entre os eleitores. Por outro
lado, ele também precisa se esforçar mais para se tornar conhecido e
construir uma imagem positiva – disse Krause à agência britânica de
notícias BBC.
Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências, diz que
“há sinais de que há um cansaço, um esgotamento” entre os eleitores com a
polarização entre PT e PSDB na política nacional, fator que, segundo
ele, é comprovado pelo alto percentual de eleitores que têm manifestado a
intenção de votar branco ou nulo nas eleições.
– Esse cansaço abre espaço para um projeto alternativo, dada a crise de representação que recai contra PT e PSDB – diz Cortez.
Trunfos
Apesar de seus trunfos, analistas avaliam que até agora a parceria de Campos com Marina não decolou. Segundo eles, isso ocorre porque os apoiadores de Marina encaram com desconfiança o fato de que, menos de um ano atrás, o PSB de Campos integrava a coalizão do governo federal. Aliança entre Mariana e Campos une estilos diferentes de fazer política.
– A relação dúbia do PSB com o governo cria dificuldades para que os eleitores de Marina, sejam eles evangélicos ou eleitores ligados a questões ambientais, se convençam de que o partido de fato apresenta uma alternativa – diz Krause, da UFRGS.
Segundo a professora, enquanto Marina construiu um discurso “crível” de oposição ao PT e ao governo federal ao deixar o Ministério do Meio Ambiente, em 2008, e lançar-se à Presiência, em 2010, “as distâncias entre o PSB e o projeto do PT ainda não são claras”.
Além disso, a professora diz que Campos não parece abraçar as causas
que deram notoriedade a Marina: a defesa de um modelo de desenvolvimento
sustentável e de uma nova forma de fazer política. Afinal, afirma ela,
Campos vem de um “clã político”: é neto de Miguel Arraes (1916-2005), um
dos mais influentes políticos da história de Pernambuco.
Discurso
Outro problema que Campos e Marina têm enfrentado é se entender sobre
as alianças da chapa para a eleição. Quem é Eduardo Campos?Duas vezes
governador de Pernambuco (2007-2014) Tem 48 anos e cinco filhos É
formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Foi
ministro de Ciência e de Tecnologia durante o primeiro mandato de Lula
(2004-2005) É presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB)
É neto do também político pernambucano Miguel Arraes.
Em São Paulo, por exemplo, enquanto Campos defende que o PSB apoie a
candidatura do governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB), Marina quer que
o partido lance candidatura própria. Rafael Cortez explica que as
alianças nos Estados são importantes para “nacionalizar” as
candidaturas, ao fazer com que as mensagens dos candidatos cheguem aos
eleitores de todo o país. Esse processo, diz o cientista político,
implica construir palanques e comitês estaduais para os candidatos à
Presidência.
– A Marina, com um discurso ancorado na nova política, tem defendido
diminuir o número de parceiros para deixar mais clara a mensagem ao
eleitor. Já o Campos e o PSB funcionavam de acordo com o sistema
eleitoral brasileiro tradicional. A aliança do Campos para governador
tinha uma miríade de partidos de diferentes espectros – diz ele.
Para crescer nas pesquisas, Campos também enfrenta como obstáculo a
grande força do PT em sua região de origem, o Nordeste, a segunda mais
populosa do país. Pesquisas sugerem que, embora o ex-governador tenha
bom desempenho em Pernambuco, sua influência em Estados vizinhos ainda é
tímida.
Correio do Brasil
0 Comentários " PSB oficializa neste sábado Campos para presidente e Marina para vice. "
Postar um comentário