“São inelegíveis os
que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido
cargo ou função de direção, administração ou representação em pessoa
jurídica ou em empresa que mantenha contrato de execução de obras, de
prestação de serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
Público ou sob seu controle;” (Art. 1, II, i da LC 64/90).
É mais grave do que se imagina o pedido de contestação do registro da
candidatura ao governo do Estado do senador Edinho Lobão Filho (PMDB),
que disputa a sucessão de Roseana Sarney, filha do senador José Sarney.
A candidatura do filho ministro de Minas e
Energia está sendo contestada porque, desde março de 2014, uma empresa
de propriedade de Edinho Lobão recebe R$ 30 mil por mês do governo do
Estado. O pagamento seria para aluguel de imóvel onde funcionaria o
atendimento a pacientes portadores de câncer. Porém, no local não há
qualquer indício de funcionamento ambulatorial.
O prédio, um condomínio residencial com
poucos apartamentos localizado na Avenida São Luís Rei de França, na
entrada para o bairro Parque Vitória, pertence à Difusora Incorporação e
Construção, da qual Lobão Filho tem participação em 99,40% das ações. O
governo do Estado e a Difusora têm contrato com validade de 12 meses
para a locação deste prédio.
Por lei, Lobão Filho não poderia estar à
frente da empresa seis meses antes da assinatura do contrato. Além
disso, o objetivo do contrato – atender pacientes com câncer – não está
sendo cumprido.
“São inelegíveis os
que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido
cargo ou função de direção, administração ou representação em pessoa
jurídica ou em empresa que mantenha contrato de execução de obras, de
prestação de serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
Público ou sob seu controle;” (Art. 1, II, i da LC 64/90).
Segundo o Portal da Transparência do
Governo do Estado, o valor total do contrato é de R$ 360 mil, parcelado
em 12 meses. Destas, já foram pagas 4 parcelas, totalizando o valor de
R$ 120 mil.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que o prédio
alugado está em fase final de adequações para que seja instalado o
Centro Ambulatorial de Atenção à Saúde do Paciente Oncológico. “Serão 30
consultórios para atender os pacientes nas diversas especialidades
médicas de maior incidência de câncer. O contrato de aluguel atendeu a
todos os requisitos estabelecidos por lei”, diz a SES.
A defesa do candidato a governador Lobão
Filho deve alegar que o contrato não foi assinado por ele e sim
por Rafael Barjona Lobão, que vem a ser primo de Edinho.
Rafael é filho de Neuton Barjona Lobão Filho. Este assumiu a Bemar Distribuidora de Bebidas com Edinho, em 1996.
Segundo a Receita Federal, em matéria
publicada no jornal O Globo, Neuton foi beneficiado por procurações
inverídicas que lhe permitiam movimentar contas correntes e fazer outras
transações na Bemar.
As procurações teriam sido emitidas por
Maria Lúcia Martins, empregada doméstica, e José Luiz Ferreira Gomes.
Ambos são sócios da Bemar, empresa da qual Edinho foi sócio,
oficialmente, até 1998.
A Bemar e a Itumar foram alvos de
investigação do Ministério Público num suposto esquema de sonegação que
pode ter chegado a R$42 milhões, segundo matéria do jornal O Globo.
Jonh Cutrim