Processo de cassação de Roseana Sarney aguarda apenas parecer do MP para ir à julgamento.




O recurso em que o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) pede cassação da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do vice-governador Washington Luiz Oliveira (PT) e a convocação de novas eleições no estado aguarda parecer do Ministério Público.

“Assim que o MP der o parecer, o processo estará pronto para ser julgado. A fase de instrução processual já foi concluída e as alegações finais entregues, aguardando agora apenas o parecer do Ministério Público e ser colocado em pauta para julgamento em plenário no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, informou o deputado e também advogado Rubens Pereira Júnior, que representa, junto com os advogados Abdon Marinho e Rodrigo Lago, a acusação.

Há mais de 30 dias o processo foi enviado ao Ministério Público, onde aguarda o parecer do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

A previsão é que até o final do ano seja julgado a cassação da governadora por abuso de poder político e econômico. De acordo com a acusação, Roseana Sarney assinou convênios com prefeituras no valor de quase R$ 1 bilhão com nítido caráter eleitoreiro. Na petição, os advogados alegam que os convênios foram utilizados “como meio de cooptação de prefeitos e lideranças políticas e sindicais”.

Uma das provas do uso eleitoral dos convênios, segundo os advogados, é a concentração da celebração de vários acordos nas vésperas da data da convenção partidária que homologou o nome de Roseana Sarney para disputar as eleições de 2010, em 24 de junho daquele ano. Uma tabela revela que nos quatro dias que antecederam a convenção, a governadora assinou 670 convênios que previram a liberação de mais de R$ 165 milhões para diversos municípios do estado.

O processo também aponta que, em pleno período eleitoral, o governo maranhense começou a construir moradias por meio do programa chamado Viva Casa, com gastos de R$ 70 milhões que não estavam previstos no orçamento. As alegações finais, que somam 79 páginas, trazem planilhas que mostram que a votação de Roseana foi expressiva justamente nos municípios beneficiados com os recursos dos convênios fechados em ano eleitoral.

Ainda na peça, os advogados sustentam que a influência das ações da governadora no resultado eleitoral é facilmente perceptível. Roseana ganhou as eleições no primeiro turno por 0,08% dos votos a mais que a metade dos votos válidos.

No mês de junho de 2010, quatro meses antes da eleição para o governo do Maranhão, foram celebrados pelo governo Roseana Sarney 979 convênios eleitoreiros, totalizando R$ 400 milhões, segundo processo de cassação (RCED 809) movido pelo ex-governador José Reinaldo Tavares contra a diplomação dos atuais governantes maranhenses. Somente nos dias 23 e 24 de junho, no dia da convenção que homologou a candidatura da filha do senador José Sarney, foram 545 convênios. Incluindo fundo a fundo, prefeituras, associações, foram mais de 1 bilhão em convênios eleitoreiros.

Blog Marrapá

Grupo Sarney segue sem ganhar as eleições em São Luís, e nas principais cidades do Maranhão.




A virada para a retomada do Estado da mãos da oligarquia Sarney começou no dia 07 de outubro, os candidatos apoiados por Roseana Sarney perderam nas principais cidades do Maranhão.
Conhecidos os resultados das urnas na capital do Maranhão – que levaram ao 2º turno Edivaldo Holanda (PTC; 36,44% dos votos válidos) e João Castelo (PSDB; 30,60%), reafirmou-se um tabu que já dura 27 anos: nunca um candidato ligado ao grupo político liderado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), venceu um pleito em São Luís desde que as eleições diretas foram restabelecidas nas capitais do país, em 1985.

Washington Oliveira (PT) – com seus 11,02% obtidos nesta eleição (4º posto, atrás, ainda, de Eliziane Gama, do PPS, com 13,81%) – até que não fez feio, considerando-se que, nas duas disputas municipais anteriores, os candidatos apoiados pelo sarneysismo – Ricardo Murad, em 2004, e Gastão Vieira, em 2008 – obtiveram, juntos, pífios 9,65% dos votos.
Ricardo Murad, Gastão Vieira e Washington Luís: apoio do clã e votações pífias
Em 2004, Murad, então no PSB, alcançou 7,7%, ficando em 3º lugar no pleito, atrás de João Castelo (PSDB), com 33,6%, e Tadeu Palácio (na época, no PDT; hoje, no PP), que conquistou 50,21% e venceu no 1º turno.

Gastão Vieira (PMDB), em 2008, teve, em sua campanha no rádio e na TV, a presença frequente de Roseana Sarney (PMDB; então senadora) –, assim como ocorreu com Washington agora –, mas isso, pelo resultado final da disputa, parece que mais atrapalhou do que ajudou o atual ministro do Turismo: ele não chegou nem a 2% dos votos (1,95%), e amargou o 6º posto entre os 10 concorrentes. A eleição foi vencida por João Castelo, no 2º turno, disputado com Flávio Dino (PC do B).

Em 2000, sem candidato em São Luís e com o foco dirigido à eleição presidencial de 2002, o grupo Sarney – por meio da então governadora Roseana – aproximou-se de Jackson Lago (PDT), na época prefeito da capital maranhense, que tentava a reeleição.

O clã propôs apoiar Jackson Lago não só nas eleições municipais de 2000 como nas estaduais, em 2002 (que Jackson perdeu para José Reinaldo Tavares, no 1º turno). Em troca, o pedetista seguiria alinhado com o grupo, no projeto de fazer de Roseana Sarney presidente da República, em 2002.
O acordo entre Roseana e aquele que a derrotaria nas eleições para o governo do estado em 2006 foi discreto e informal. Roseana nunca apareceu na campanha nem na mídia da família pedindo votos para o candidato.

O pedetista se reelegeu prefeito, mas nem teve de cumprir sua parte no pacto político. A pré-candidatura roseanista à Presidência virou “picolé”, desfazendo-se rapidamente após o “escândalo Lunus” – R$ 1,34 milhão achados pela Polícia Federal no escritório da empresa de Roseana e do marido, Jorge Murad, em São Luís.

Nas eleições anteriores a 2000, igualmente o sarneysismo viu políticos não alinhados ao grupo se instalarem no Palácio La Ravardière.
Gardênia Gonçalves (mulher de João Castelo, 1985); Jackson Lago (1988); Conceição Andrade (1992) e Jackson Lago, novamente (1996), foram os que deram início à fama – mantida no 7 de outubro de 2012 – da “Ilha Rebelde”.

Não alinhados ao grupo venceram em 4 das 5 maiores cidades do MA
Políticos não alinhados ao grupo Sarney ganharam em quatro dos cinco maiores municípios do Maranhão, nas eleições de ontem (7).

Além da capital, São Luís, que terá um 2º turno, no próximo dia 28, entre dois adversários do clã –Edivaldo Holanda (PTC; 36,44%; 186.184 votos) e João Castelo (PSDB; 30,60; 156.320 votos) –, os eleitores das cidades de Imperatriz, Timon e Caxias também escolheram, para administrar os municípios, políticos que não rezam pela cartilha sarneysista.
Em Imperatriz, o tucano Sebastião Madeira foi reeleito, com 57,61% dos votos válidos (71.878 votos), seguido por Rosângela Curado (DEM), com 31,83% (39.718 votos).
Luciano Leitoa (PSB) venceu em Timon, com 59,93% (49.250 votos), derrotando Edivar Ribeiro (PMDB; 32,60%; 26.791 votos).

Na cidade de Caxias, Léo Coutinho (PSB), filho do atual prefeito, Humberto Coutinho, conquistou 53,80% (40.004 votos), contra os 34,28% obtidos pelo 2º colocado, Paulo Marinho Júnior (PMDB; 25.490 votos), filho do ex-prefeito Paulo Marinho.

Em outras duas importantes cidades do estado – Paço do Lumiar e Balsas –, candidatos não alinhados ao grupo Sarney também venceram o pleito municipal.

Em Paço do Lumiar, Josemar Sobreiro (PR), ganhou com 62,30% (23.133 votos), deixando para trás, por longa margem, Gilberto Aroso (PMDB), com 21,28% (7.900 votos).

O escolhido em Balsas foi Luiz Rocha Filho, o Rochinha (filho do ex-governador Luiz Rocha e irmão do candidato a vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha). Rochinha conquistou 40,18% dos votos válidos (16.566 votos), contra 39,87% (16.441 votos) obtidos pelo 2º colocado, Erik Augusto Costa e Silva (PRB).

Por (Oswaldo Viviani) JP